Thursday, March 31, 2005

CRUZEIRO "TESOUROS DA HISTÓRIA" (7)

A viagem aproximava-se do fim. A última visita tinha lugar em Katakolon, porto que serve Olímpia, a cidade, onde no ano 776 A. C. tiveram início os Jogos Olímpicos. Por anterior conhecimento daquela localidade, desta vez, preterimos a visita às ruínas da antiga Olimpia, com especial relevo para os Templos de Zeus e de Hera, o Estádio Olímpico e o Museu, por uma breve estadia na pequena e agradável vila que empresta o nome ao porto, admirando belos exemplares do artesanato local e ainda vestígios gloriosos da vitória grega no Euro 2004, em Portugal.

Wednesday, March 30, 2005

CRUZEIRO "TESOUROS DA HISTÓRIA" (6)

Atenas, berço da civilização ocidental e, desde 1834, capital da Grécia, recebeu-nos numa densa manhã de nevoeiro, chuva e muita neve.
Desta vez, optámos pela visita à famosa cidade de Corinto. À medida que nos afastávamos do porto do Pireu, o sol despontou para um dia solarengo, mau grado a temperatura local, dois graus negativos. Bordejando a Costa Sarónica, atingimos o Canal de Corinto, maravilhosa obra da engenharia, concretizada a partir do desejo do imperador romano, Nero. Inesquecível é o percurso pedestre sobre o famoso canal, onde, a cerca de oitenta metros de altura, podemos contemplar toda a grandeza e beleza do extenso canal __ mais de seis quilómetros de comprimento.
Mas a velha Corinto aguardava-nos com todas as suas ruínas e as suas riquezas guardadas no Museu local. Observando o rochedo sobranceiro, julgamos que, lá do alto da Acrocorinto, algumas divindades gregas exasperavam com a nossa presença naquele território, pois o mercúrio do termómetro baixava a cada instante, à medida que o frio se intensificava. Por Zeus que a paisagem, atingida pela luminosidade dos raios solares, brilhava num colorido enérgico que nos remetia para uma civilização, onde, parafraseando o filósofo, pudemos afirmar: “Só sei que nada sei”.
A viagem aproximava-se do fim. A última visita tinha lugar em Katakolon, porto que serve Olímpia, a cidade, onde no ano 776 A. C. tiveram início os Jogos Olímpicos. Por anterior conhecimento daquela localidade, desta vez, preterimos a visita às ruínas da antiga Olimpia, com especial relevo para os Templos de Zeus e de Hera, o Estádio Olímpico e o Museu, por uma breve estadia na pequena e agradável vila que empresta o nome ao porto, admirando belos exemplares do artesanato local e ainda vestígios gloriosos da vitória grega no Euro 2004, em Portugal

Tuesday, March 29, 2005

CRUZEIRO "TESOUROS DA HISTÓRIA" (5)

Com a chegada de novo dia, aportámos ao continente asiático. Manhã cedo, acostámos ao molhe da estância balnear turca de Marmaris. Atravessando uma vasta área florestal, delimitada por altas montanhas cobertas de neve, dirigimo-nos para Dalyan, onde o termómetro marcava um grau negativo, sendo este, segundo alguns habitantes locais, o dia mais frio do presente ano. De repente, eis-nos transportados em singelas embarcações de madeira, motorizadas, descendo o curso do rio Dalyan, através de um extenso labirinto de bambus, até à antiga cidade de Kaunos. No trajecto, apesar do frio intenso e com o sol incidindo nos penhascos, as sepulturas rupestres dos antigos reis locais, escavadas nas paredes rochosas, despertaram a atenção dos visitantes, pela sua beleza e magnificência. Continuando o circuito fluvial, embrenhámo-nos no formoso habitat aquático, onde proliferam plantações de algodão, campos de cereais e ilhotas cobertas de canas de bambu e de pinheiros. À nossa volta, a passarada esvoaçava em bando. Já em Kaunos, um agradável passeio pedestre permitiu-nos visitar, na árida colina sobranceira ao antigo porto, o que resta do antigo assentamento: as ruínas do Teatro Romano, o Complexo Termal e o Santuário dos oitos ventos.
De regresso à cidade de Dalyan, uma refeição à base de peixe fluvial ajudou-nos a retemperar a força e a encontrar um pouco mais de conforto no quente ambiente do restaurante.
Dezoito horas. Lentamente, o Costa Magica desprendeu as cordas que o mantinham preso ao cais, iniciando a navegação turística pelo pequeno fiorde que separa a bela e romântica cidade de Marmaris, do Mediterrâneo. E, com o sol mergulhando no horizonte, a estibordo, a costa turca colorida de tons laranja, a bombordo e a ilha de Rodes pela proa, o navio embrenhou-se na escuridão nocturna, rumando à capital grega.

Monday, March 28, 2005

CRUZEIRO "TESOUROS DA HISTÓRIA" (4)

Ao sétimo dia, aportámos na bela ilha grega de Rodes. Iniciámos a descoberta da ilha com a visita à velha cidade medieval, cercada por quatro quilómetros de muralhas, atingindo o ponto mais alto através da Porta de Amboise. Depois, no Palácio do Grande Mestre, vislumbrámos os interiores luxuosos, a delicadeza das estátuas e os belíssimos mosaicos da época romana. Descemos a íngreme e estreita Rua dos Cavaleiros, cruzados que outrora correram a Jerusalém, toda calçada de pedras irregulares e ladeada pela representação oficial de vários países europeus, sediados em antigas construções góticas, ricamente ornadas. Após ao almoço, servido em moderno hotel, sobranceiro ao mar límpido, de azul turco pintado, partimos em busca da antiga cidade de Lindos. Aqui, atravessámos as vielas estreitas, debruadas pelo típico casario branco, do século XVIII, até ganharmos, após penosa e íngreme subida, o Templo de Atena, na Acrópole, bem no cume de sumptuoso e abrupto promontório, donde se vislumbra uma magnífica vista panorâmica sobre o povoado e sobre a baía. De regresso ao porto, sempre acompanhados pela douta explicação do guia local, uma breve visita a uma fábrica de cerâmica, com observação directa da laboração e pintura de peças de artesanato, completou a parte cultural do dia.

Sunday, March 27, 2005

CRUZEIRO "TESOUROS DA HISTÓRIA" (3)

Rumando para nordeste, navegámos a costa sul da ilha de Chipre, até ao porto de Limassol, numa manhã fresca e ventosa. Lestos, percorremos a estrada bordejada por extensos laranjais até às ruínas romanas de Kurion, com destaque para o Teatro, os mosaicos decorativos do século II D. C., na casa de Eustolio, a Casa de Aquiles e o Templo de Apolo.
Mais tarde, desembarcámos na pitoresca vila de Omodhos, situada no sopé dos Montes Trodos, cobertos de neve. Calcorreámos as estreitas e sinuosas ruelas, calçadas de pedra, onde velhas mulheres, com a pele trabalhada pelo peso dos anos, estendiam-nos os seus bordados, manufacturados portas a dentro, e anciãos de pele rugosa tentavam convencer-nos a adquirir artigos regionais, como recordação da nossa passagem por aquele característico lugar. Antes de abandonarmos a povoação, pudemos ainda não só receber o incenso aspergido pelo religioso de serviço à cerimónia de vésperas, na igreja ortodoxa do Mosteiro da Santa Cruz, mas também visitar uma adega e degustar um dos vários famosos vinhos da ilha.

Saturday, March 26, 2005

CRUZEIRO "TESOUROS DA HISTÓRIA" (2)

Ao quinto dia de viagem, Alexandria apresentou-se-nos vestida de cinzento escuro. Em coluna e sob forte escolta policial, saímos do porto, rumo à capital do Egipto, Cairo. Com duas horas e meia de caminho, na auto-estrada do deserto, descortinámos as imponentes construções de Gizé, obrigatório ponto de encontro turístico. Num ápice, reduzidos à nossa pequenez, admirávamos as três maravilhosas e impressionantes Pirâmides de Keops, Kefren e Mikerinos, diariamente visitadas por gentes de diferentes raças, credos e culturas, numa mistura babélica de dialectos e de línguas . E depois, a Esfinge com todo o seu esplendor, apesar da sua beleza fragilizada pela erosão, mas constantemente registada nas películas das câmaras.
Uma vez visitadas as únicas sobreviventes das sete clássicas maravilhas do mundo, prosseguimos para uma breve visita a uma fábrica, onde a laboração do papiro ainda acontece, segundo os parâmetros primitivos.
Era hora do almoço. Ao som de músicas egípcias e sob uma chuva de pétalas de rosas, fomos principescamente recebidos à entrada de um luxuoso hotel, onde nos satisfizemos com um vasto e saboroso manjar, à moda imperial egípcia. Aguardava-nos ainda o Museu Egípcio com as suas ricas e únicas colecções de tesouros faraónicos, onde, envoltos por uma multidão ávida de curiosidade, finalmente, pudemos vislumbrar o espólio do rei Tutankamon.
Vagarosamente, ao longo de uma das margens do Nilo, observámos a confusão do movimento pedestre, em hora de ponta, misturado com os engarrafamentos colossais do trânsito, ao cair da tarde, enquanto a circulação fluvial intensificava-se a cada instante.De regresso ao navio, nem a copiosa chuvada, inundando o alcatrão da via rodoviária, conseguiu amedrontar os espíritos mais estafados pela canseira do deserto.

Friday, March 25, 2005

CRUZEIRO “TESOUROS DA HISTÓRIA” (1)

Era Janeiro e o sol descansava, além no horizonte, quando o Costa Magica largou do porto de Savona transportando mais de três milhares de passageiros à descoberta de inúmeros “Tesouros da História” da humanidade.
Lentamente, beijando o calmo mar azul, a aproximação ao primeiro porto, Nápoles, processou-se com a descoberta dos diversos espaços do navio, enquanto a meteorologia distribuía nuvens cinzentas pesadas e o frio começava a apertar. Optou-se por visitar Pompeia, a antiga cidade romana soterrada sob a cinzas do vulcão Vesúvio, no ano 79 D. C. Aqui, pudemos calcorrear as estreitas ruelas de pedra, atravessar as praças geométricas, imaginar a actividade comercial dos seus habitantes, devanear com a ocupação dos lazeres, sem esquecer o sofrimento das vítimas petrificadamente surpreendidas pela terrível erupção. E ele, o Vesúvio, ali estava airoso, ao nosso lado, coroado com uma espessa coroa de neve. Mais sorte tivemos nós, porque apenas fomos atingidos pelo frio cortante e pela chuva miudinha que teimou em cair, durante toda a nossa estada.
Ao despertar da aurora, após a calma travessia do estreito de Messina, durante a noite, despertámos para dois dias de navegação, onde o suave balanço do azul mediterrânico coloria de branco-espuma a crista das ondas, sucessivamente lavradas pela fúria eólica, resultando em constantes e diversificadas erupções de maresia. Foi o momento oportuno para recordarmos, em singular introspecção, os feitos grandílocos dos valorosos marinheiros de antanho, cruzando aquela salsa água, em frágeis embarcações, ora em bélica pugnas, ora exportando diversos arquétipos do conhecimento das suas ancestrais civilizações.

Thursday, March 10, 2005

VIDA

Vida
dia após dia
vida proibida
ânsia de viver
Vida
que vida é esta
que força é esta
que faz viver

Vida
de contratempos
de mil eventos
de esperanças vãs
Vida
destino marcado
amor enganado
lágrimas ao vento

Vida
sonhos desfeitos
ilusões perdidas
sem eira nem beira
Vida
vida perdida
vida encontrada
na estrada da vida

Vida
espelho quebrado
som desafinado
excesso de zelo
Vida
semente lançada
à terra lavrada
no ódio e na dor.

L. Araújo, "Circunstâncias"



Monday, March 07, 2005

PESQUITO

Pesquito
uma forma de vida
povo que se afirma
uma forma de vida

Terra de mar
sonho vivido
campo de luta
labor sofrido
Casca de noz
velas ao vento
batalha naval
morte sem tempo
Dia e noite
isca anzol
espada preta
bote batel
Tez enrugada
força do vento
lobo marinho
sinal do tempo
Grito de guerra
Eia! Avante!
sede de raiva
bom navegante
Barco varado
selha vazia
poncha-limão
em fim de dia.

L. Araújo; in "Maresias".

Wednesday, March 02, 2005

CANTO DE PAZ E AMOR

Não mais a tristeza
a fome a incerteza
de um povo que vive
e sabe o que quer
Dêem as mãos
Ergam os laços
eo mundo será
dia a dia melhor.

É tempo do Homem
aprender a viver
num mundo de esperança
de paz e de amor
Em cada lugar
a cada momento
há sempre uma vida
nascendo do amor.

Acabem as guerras
limpem a Terra
semeiem na cinza
uma flor
Derrubem barreiras
quebrem fronteiras
aonde exista
o AMOR.

L. Araújo; "Circunstâncias".


MUNDO NEGRO

Não há sol
não há luz
não há calor
não há amor

África negra
Ásia amarela
Europa branca
América vermelha
Barcos navegam
partem soldados
mulheres gritam
crianças choram
crianças choram
sem saber porquê
o fogo estoira
soldados morrem
é um mundo negro
de guerra e dor.

L. Araújo; "Circunstâncias".

PEDAÇO DA GENTE

A Torre não vem abaixo
não vem abaixo, não;
se olhares para o alto
a Torre é no chão.
A montanha mais agreste
não é vã passageira;
mais um esforço e estarás
na base mais cimeira.
Se morto fores para lá
do sol, lua e estrelas;
as maldades "made in Terra"
não queiras tu mais vê-las.
Vai, anda, corre, voa
segue sempre o teu caminho;
Faz a vida tal qual ela é
'sim vais no teu caminho.

L. Araújo, "Circunstâncias".


Tuesday, March 01, 2005

PALAVRAS

São palavras mais
o que nos dizem
águas a correr
em pobres vales

Voam pelo ar
em bandos tais
Como as andorinhas
na primavera

Vós palavras
sem qualquer razão
Difamais o próximo
e vós também

Cantarei,
gritarei
viverei
a vida com amor
Pensarei
sonharei
outro dia já em paz
viverei.

L. Araújo; "Circunstâncias"

A MANHÃ !

A manhã!
Sim, a manhã
era bela.
E, se não fosse
numa tal ocasião,
eu não saberia
que era ela,
a manhã.
Vou à janela
e vejo-a serena.
Mas, quando volto
o olhar para a rua,
vejo uma morena
dizendo:
__ Sim, é ela,
é a manhã
Oiço a sereia
com a sua voz bela
a cantar, a cantar
e só a dizer
que a manhã
era bela.
E logo vi
que era ela
a manhã!

L. Araújo, "Circunstâncias"